Ana Flavia Pires Xavier
Ana Xavier – Mentoria e Conselho Consultivo em RH
Introdução
Na era da IA e transformação digital falar sobre liderança humanizada se tornou um contraponto importante, quase uma tendência. No entanto, entre o discurso e a prática existe um espaço de transformação que exige consciência, preparo e intenção genuína. Este e-book é um convite à ação: compreender o que realmente significa liderar de forma humanizada, com base em ciência, empatia e estratégias práticas.
Liderança Humanizada é um modismo?
A popularidade repentina do termo “liderança humanizada” pode fazer com que muitos o enxerguem como mais um modismo corporativo — desses que surgem em tempos de crise e depois evaporam. De fato, há quem adote essa linguagem apenas para compor discursos bonitos em eventos ou relatórios de sustentabilidade, sem alterar de fato sua maneira de liderar. Nesse sentido, sim: pode virar um modismo.
Mas quando compreendida em sua profundidade, a liderança humanizada está longe de ser uma moda passageira. Ela representa uma resposta urgente e estruturante a um modelo de gestão esgotado — centrado no controle, na performance a qualquer custo e na invisibilização do humano no trabalho.
Liderar com empatia, escuta e senso de propósito não é tendência: é evolução. É um reposicionamento ético, estratégico e existencial do papel da liderança no século XXI. Por isso, a liderança humanizada só é modismo quando se limita ao discurso. Quando atravessa a prática, ela é uma revolução silenciosa.
Emoção e Estímulo – Como suas emoções influenciam o comportamento das pessoas que trabalham com você?
O cérebro humano é um sistema relacional: ele responde mais ao ambiente emocional do que a comandos lógicos. Liderar com consciência emocional significa entender que cada fala, tom de voz ou expressão facial ativa circuitos específicos no cérebro do outro gerando comportamentos.
Nos estudos da Neurociência evidenciamos que as emoções interferem diretamente na capacidade de armazenamento do cérebro a partir da tríade: Atenção, Motivação e Memória.
Atenção: É o mecanismo que filtra os estímulos e permite que os cérebros foque nos mais relevantes;
Motivação: Ela determina o nível de esforço e engajamento. Sem motivação, dificilmente prestamos atenção ou nos lembramos de algo por muito tempo.
Memória: É o processo de armazenar, consolidar e recuperar informações. Para que algo seja lembrado é necessário que tenha sido bem codificado o que geralmente exige Atenção e Motivação.
Interação entre os três: Motivação direciona a Atenção, Atenção favorece a Memória, Memória reforça a Motivação.
Isso ocorre principalmente em áreas do cérebro como a Amígdala e Córtex pré-frontal que também estabelecem o equilíbrio entre emoção e razão nas decisões.
Entendendo um pouco melhor essa essa dinâmica do nosso cérebro, compreendemos um pouco melhor o quanto o estímulo vindo do líder interfere diretamente nesta tríade e por consequência no comportamento do liderado.
Líderes que regulam suas emoções nos momentos em que seja preciso orientar, acompanhar, corrigir, estimular, desenvolver, etc. ampliam a segurança psicológica e ativam essas áreas cerebrais no outro favorecendo confiança, colaboração, qualidade de respostas e então, melhores resultados. Como já mencionado, nosso cérebro é um sistema relacional, então a atitude é contagiante.
Mas o que é regulação emocional com base na Neurociência?
Regulação emocional é a capacidade do cérebro de modular, ajustar e responder às emoções de forma adequada ao contexto. Isso inclui:
- Perceber o que se está sentindo.
- Entender a origem dessa emoção.
- Modificar a intensidade ou a forma de expressão emocional, quando necessário.
Como o cérebro regula as emoções?
A regulação emocional é orquestrada por uma rede complexa de áreas cerebrais, destacando-se:
1. Córtex pré-frontal (CPF)
Função: planejamento, controle inibitório do estresse, tomada de decisão, (entre outras).
Papel na regulação: é o “freio emocional” que ajuda a reavaliar situações e escolher como reagir.
2. Amígdala Cerebral
Função: detecção de ameaça, processamento do medo, luta ou fuga, (entre outras).
Papel na regulação: dispara respostas emocionais automáticas (como medo ou raiva). O córtex pré-frontal atua para “acalmar” a amígdala.
3. Ínsula
Função: percepção corporal e emocional (entre outras).
Papel na regulação: ajuda a sentir e interpretar as emoções internas.
4. Giro do cíngulo anterior
Função: monitoramento de conflitos emocionais e controle da atenção.
Papel na regulação: detecta quando há desconforto emocional e aciona estratégias de autorregulação.
Como pudemos observar, mente e comportamento são produtos indissociáveis do funcionamento do cérebro.
Então, escolher uma resposta mais consciente, ao invés de reagir automaticamente é uma grande exemplo de liderança humanizada, porque leva em consideração que por traz das emoções que comunicamos há uma série de neurotransmissores sendo disparados na corrente sanguínea gerando emoções e comportamentos diversos.
Quando um líder aprende a regular suas emoções ele interfere diretamente nas emoções da sua equipe e em respostas/comportamentos mais adequados nas soluções dos desafios do cotidiano de uma organização.
Na tabela abaixo poderemos observar alguns exemplos de Neurotransmissores e seus efeitos no corpo e na mente. Logo após, proponho algumas ações simples que podem ajudar na regulação desses neurotransmissores.

Destaque prático:
“Ao iniciar uma conversa difícil com um tom de escuta e curiosidade, você ativa áreas cerebrais ligadas à empatia e reduz o estado de alerta do outro.”
Exercício – Autoanálise de Reação Emocional
1. Reflita sobre a última vez em que você reagiu emocionalmente no trabalho.
2. Que emoção você sentiu? Como ela se manifestou no seu corpo?
3. Que mensagem seu comportamento passou à equipe?
4. O que você poderia fazer de diferente hoje?
Outros caminhos:
Atos simples como caminhar, ouvir música, rir ou praticar um hobby ativam neurotransmissores como dopamina, endorfinas e serotonina. Isto nos ajuda a entender que a Liderança Humanizada começa pelo cuidado com o próprio cérebro.
Outra sugestão válida se baseia no aprendizado de estabelecer pausas estratégicas durante o dia para estimular regulação emocional. Do ponto de vista da neurociência, são intervenções simples, porém poderosas, para restaurar o equilíbrio do sistema nervoso e promover autorregulação emocional e que podem gerar por consequência, melhores respostas ao estresse e na tomada de decisões.
Outra sugestão é a Meditação Mindfulness, que falaremos mais em momento oportuno, sendo uma ótima aliada na regulação emocional.
Do meu ponto de vista e anos de observação, sugiro refletirmos que a Liderança Humanizada é muito mais do que ser gentil ou liderar com discursos inspiradores. É liderar com consciência, empatia e compromisso real com o desenvolvimento das pessoas. É também uma prática baseada em neurociência, que entende como emoções, relações, e propósito influenciam no desempenho e no bem-estar.
Então, para liderar de forma humanizada, mantenha a convicção de que buscar meios de autorregular suas emoções é como escovar os dentes, deve ser feita todos os dias. Nosso cérebro já precisa ter processado os neurotransmissores necessários para que possamos acessá-los no momento em que o estímulo emocional ocorre.
Lembre-se que emoções e atitudes são “contagiosas”.
Extras:
Workshop sobre este tema pode ser contratado para inspirar as lideranças das empresas.
Caso deseje uma mentoria especializada sobre Liderança Humanizada, não deixa de nos contatar.
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